Dois brasis. by Anabe Lopes. Agosto/2010 |
Eis o Brasil que dorme no chão; o Brasil que come das migalhas do capitalismo; o Brasil sem emprego; o Brasil sem escola; o Brasil sem lazer; o Brasil que està para ser visto, mas que a maioria de nós finge que não vê, escondendo sob o escudo do "isso não é comigo" e é o Governo quem deve cuidar das crianças e dos jovens. Mas os governos são eleitos por nós. E todos precisamos agir para emprestar a essas pessoas a nossa voz. É preciso denunciar as desigualdades, porque vivemos no mesmo espaço e somos interdependentes. A solidariedade é condição de sustentabilidade da estrutura social e do planeta.
Todos somos um e a todos cabe a responsabilidade de conscientizar as novas gerações sobre esta inegável interdependência entre todos os seres humanos e todas as formas de vida no planeta. Enquanto nos calamos, as elites se fortalecem na ilusão de que tendo muito serão melhores e intocáveis. E para assegurarem sua hegemonia usam as pessoas menos favorecidas economicamente como trampolim para saltarem cada vez mais alto. Elas o chamam "os pobres", a quem querem sermpre pobres e úteis aos próprios projetos de grandeza e dominação. Com a máscara da paternalismo finge que dão aos "pobres" o que é deles retiram.
Há algum tempo, ouvi o Arruda discursar construindo a imagem da "bondade" do governo Arruda de, contruindo unidades esportivas, permitir ao "pobre" o acesso ao esporte. Este uso ideológico da palavra "pobre", identificado no discurso desse tipo de político, que ainda domina o cenário de Brasília e do Brasil, tende a perpetuar o sentimento de menos valia diante da sociedade e a escravizar as consciências pela geração e manutenção de um sentimento de gratidão, quando na verdade, o acesso ao esporte, ao lazer é direito assegurado pela Constituição e esses mesmos políticos são os que os espoliam ao desviarem recursos públicos da educação, da saúde, da infra-estrutura.
"As desigualdades e as injustiças precisam ser denunciadas, porque sozinho o mundo não vai melhorar". Estas palavras de Henrique Rattner, em O resgate da Utopia (p.14) deve estar em nossas mentes, para fortalecer em todos nós o desejo de agir para eliminar desigualdades. O Brasil de mãos limpas, do qual somos parte, conta conosco!
Mão limpas. by Anabe Lopes. Agosto/2010 |
Um comentário:
Excelente, um dos melhores textos que já li nos últimos tempos.
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