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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O poeta - Rilke

Vai-te para longe de mim, hora.
O bater de tuas asas me excrucia.
Mas de minha boca, que fazer agora ?
e da minha noite ? e do meu dia ?

Eu não tenho amada nem abrigo,
sequer um lugar para viver eu tenho.
Todas as coisas em que me empenho
tornan-se opulentas e acabam comigo.


Do livro Poemas de Rilke- Companhia das Letras- 1996- Tradução de José Paulo Paes

Necessito...

Necessito de muitos amigos
almas a quem possa, alternadamente,
confiar minhas lamúrias tolas
meus versos chinfrins
meu ínfimo universo
e meus rompantes
de incondicional felicidade.


Necessito de muitos amores
seres com quem repartir meu ser intenso
e que suportem
a leveza da minha alma
e um desejo louco de fusão e liberdade!

Necessito lápis, caneta, lápis de olho, marca texto
laptop, editor de texto...


Necessito de caderninhos
caixinhas de remédio
verso de recibos
folhas de rosto de livros
envelopes
guardanapos
pedaços de papel higiênico...
qualquer coisa que suportem meus assaltos de poesia

(...)


Necessito poesia!

Anabe Lopes

Fundamental - Alice Ruiz

Canta
Saudade é tanta
Não vai passar se você cantar
Mas quanto mais se canta
Mais vontade de cantar
Dança, é só mudança
Não vai parar se você dançar
Mas quando você dança
É você quem vai mudar
Sonha como criança
Ainda dói se você sonhar
Mas pra que a gente acorde
É fundamental sonhar


Alice Ruiz

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A rosa



Beth Midle



Há quem chame ao amor um rio, submergindo o frágil rebento; outros chamam-lhe lâmina, sangrando a alma. Outros ainda, chamam-lhe sede, um desejo eternamente insatisfeito. Eu chamo-lhe flor, porque és a sua semente.

É um coração inseguro, incapaz de aprender a dançar; um sonho que se quer infinito, adiando a hora de acordar. É aquele que teme entregar-se, por desconhecer a dádiva. É a alma que, de tão assustada com a morte, se esqueceu de viver.

Quando a noite se preenche de solidão e o caminho aumenta em distância, quando julgas que o amor nasceu para os afortunados, os audazes; recorda que sob toda a neve do inverno jaz a frágil semente que o amor do sol primaveril desabrochará em rosa.