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domingo, 2 de janeiro de 2011

De orquídeas e amor




pois é... No meio da alegria do reveillon lá estava eu... inquieta e dançando compulsivamente. Danço compulsivamente... até hoje não entendo como as pessoas conseguem ficar imóveis ao som de uma orquestra, de uma balada, de um forró ou de um roque, de um samba!!! A música balança a minha alma e o meu corpo, quase involuntariamente, começa a se mexer... Ainda bem que existe Dorflex...

...como eu ia dizendo, no meio da dança, entre bons e velhos amigos que não envelhecem nunca - como a verdadeira amizade nunca envelhece -, entre alegres desejos de FELIZ ANO NOVO, o Chiquinho me fala: – Feliz Ano Novo e muita paz... e amor também. Diminuí um pouco o ritmo e, meio sem pensar, falei: Muito mais amor que paz!!! Um não acompanha o outro? – ele replicou. Aquele não era o momento de pensar... assenti e voltamos a nos entregar à dança.
Mas hoje, primeiro dia de um ano novo qualquer, desejando a mim mesma mais amor que paz, deixo-me seduzir pelo desejo de falar um pouco sobre paz e amor caminharem sempre juntos, já que este assunto ficou, na minha cabeça, como uma melodia a pedir que lhe façam uma letra.

A vida demonstra que o amor, correspondido ou não, não traz sempre paz. Ele pode mesmo atirar a paz contra a parede. Em suas variadas formas, o amor pode e costuma trazer sofrimento: incertezas, ciúmes, angústias, vulnerabilidades... desejos ardentes, preocupações com o ser amado (filho, pais, mãe, amigo, amante...). O amor traz "urgências a serem atendidas".

Imagino que seja por causa de tais sofrimentos e trabalhos que muitas pessoas erguem barreiras contra o amor, para tentar “viver em paz”. Passam a dizer e quase acreditar – e algumas até acreditam – que "amor é coisa que não existe", "não este amor que faz uma pessoa querer ardentemente estar com a outra e ser capaz de mudar os rumos da própria vida, para estar ao lado da sua 'alma gêmea' ou coisa assim... " –  ouvi dizerem.

Não sei filosofar muito sobre amor. Não sei filosofar. Sei que sei amar! Acredito no amor intenso e eterno - "enquanto dure" _. Por não durar a vida inteira, um amor não deixa de ser ou ter sido verdadeiro. Tudo o que é vivo pode morrer. Alguém um dia disse que o amor é como uma planta, e nunca mais esta verdade parou de ser dita. Verdades muito ditas correm o risco de serem ainda menos compreendidas.

Dizem que "o amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxas". Para mim, o amor é uma orquídea. Mesmo que não floresça todos os dias, as orquídeas são exóticas e muito interessantes. Também o amor é assim: nem sempre florido, mas muito exótico e interessante. Os amantes são jardineiros, logo, responsáveis por manter vivo e viçoso o amor.

Para cultivar uma orquídea, o jardineiro tem de estar atento às variações de clima e temperatura, controlar a incidência de sol e de vento e combater fungos e pragas que querem, a todo tempo, destruir-lhe a beleza e envenenar-lhe a seiva. É preciso também renovar periodicamente o substrato da planta e ainda pulverizar-lhe regularmente as folhas e as raízes. Tudo na medida certa. A vida dos jardineiros não é só flores... mas quando um orquídea floresce a fruição se completa...

Orquídeas são plantas aéreas. Devem ser fixadas no alto e suas raízes devem estar livres, para que possam retirar os nutrientes de que precisam para sobreviver. O substrato natural do amor é o carinho, o cuidado, a atenção, que se materializam, principalmente, no respeito ao ser do outro, mas a palavra natural faz toda a diferença... Cada amante tem idéias, sentimentos, sonhos, talentos... desejos íntimos que também precisam florescer nos seus corações. Permitir e incentivar a expansão do ser de cada um é arejar as raízes do amor e fortalecer a florada que se anuncia. As orquídeas respiram pelas raízes.

Dizem que, se bem cuidada, uma orquídea é eterna.






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