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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Poesia
Anabe Lopes

Ponto de fuga
Fugidio
Precipício invertido
Investido
De verso
Alegria
Alegoria
Saúde mental
Quem a tem?
Eu não a quero...
Salva-me do universo
Manco verso
Devora-me boca da noite
Desperto presa
Dos dentes da lua
Acordo boreal
Despenco ao alvorecer



terça-feira, 12 de julho de 2011

UM POEMA DE GUIMARÃES ROSA

Imagem: Encontro - by Anabels


às vezes --- o destino não se esquece ---
as grades são abertas,
as almas são despertas:
às vezes,
quando quanda,
quando à hora
quando os deuses
de repente
---antes---
a gente
se encontra.


in Ave palavra, p.237

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Filosofando



Filosofando



Às vezes fico pensando
Em coisas difíceis de ser
Se é pra valorizar
Ou é pra gente esquecer
Se elas vêm pra harmonizar
Ou inverter o juízo?


Não sei...


Difícil é aprender a ler
Mais difícil é escrever
Coisa quase impossível
É mesmo compreender
A linguagem muda e invisível
Das coisas do nosso ser !


Um sonho, um plano, uma ideia
Em fase de execução
Pode ser a panacéia,
Alívio ou aluvião
Antes de tudo é semente
De nova vegetação


De floresta densa e agreste
Ou campos verdes floridos
É mudança inconteste
Dos caminhos conhecidos
Pode doer como a peste
Silenciar os gemidos...
Pode causar alarido


Não sei...


Tantas vezes me esqueço
Origem, rumo e caminho
E coisas que tenho apreço
No centro do torvelinho
Busco um norte um recomeço
E sinto meu ser sozinho


Pra este poema rimado
Busco um final feliz
Como pra vida que levo
Dela sempre aprendiz
Como tecer meu destino?
A poesia é quem me diz!!!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Coisas que só se veem com olhos brilhantes de saruê

Este texto que compartilho com o mundo - embora o mundo não me reconheça, nem eu o reconheça ou me reconheça nele e, ao mesmo tempo, sejamos íntimos e velhos conhecidos, como no mais sagrado e tradicional matrimônio - uff... intercalações longas assim não são recomendadas, mas às vezes elas são imprescindíveis... então vamos começar de novo.

Este texto que compartilho com o mundo - ou com os meus amigos - eles são o meu mundo [outra intercalação urgente e necessária]. É urgente que nossos amigos saibam o quanto são importantes pra nós, afinal  "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã..."

Enfim, este texto integra umas escrivinhações a que chamo "No divã comigo mesmo". Na falta de um analista... Talvez um dia sejam publicadas... Talvez depois da minha morte...


II

Outro dia, durante uma aula escrevi mais ou menos isso [algumas coisas censurei outras acrescentei]:


Eu não sei o que eu preciso aprender para entender melhor minha própria vida. A minha busca por diferenças capazes de me acrescentar algo que me traga um pouco mais de paz ou que me aproxime um pouco mais do que sou, do que era, do que seria. [Não conseguia me acalmar]. O que espero encontrar me refuge, sequer sei exatamente o que quero encontrar. Às vezes penso que a maioria das  pessoas não têm alma ou, se a tem, alma é coisa que nunca sai de si mesma, é coisa ensimesmada – sempre gostei e desgostei da palavra ensimesmada. Alma não tem asa – dizem que agente dá asas a ela, mas acho que há séculos cortamos as asas da nossa própria alma. Pretenciosamente, achava, ou acho, que a minha voa aflita a procura de almas semelhantes. Almas semelhantes são aquelas cujas diferenças agreguem ao ser um estado de consciência mais elevado ou mais ameno. Revolução ou letargia? Algo além de olhos e sorrisos, desejos e vontades, curiosidades e interesses. Algo assim que não se pode nem se deve nomear. Talvez procure algo que flutue entre um conceito e outro, uma sensação e outra "alguma coisa que não tem nome...".

Às vezes penso em por quê não sou como os outros? Noutras penso que os outros são como eu sou, só que muitos ainda não sabem, ou sabem e não contam pra ninguém, nem pra si mesmo. Ih! tá se achando o sabichão – diria o meu leitor imaginário. Mas não é isso não, Apenas sei disso – ou penso que sei.  Passei tanto tempo sem saber que não sabia que chego a pensar que agora sei o que sei que não sei nem nunca saberei. E talvez essa seja a coisa mais sábia que direi em toda a minha vida... 

Não sabia nem de mim – na verdade ainda me procuro – com ânsia e medo de encontrar-me. Busco quem sabe me ler nas entrelinhas do meu próprio discurso, a procurar mais de mim – ou será esta a minha maneira de fugir de mim – Devo ser a própria personificação dos conflitos de identidade característicos da segunda modernidade [Santo Giddens] – ou sou Maria, Joana, Maria Joana, Amélia, Jurema... Tipicamente vivem habitam em mim uma identidade sócial e uma identidade intra-psicológica, ambas socialmente construídas, só que elas não se comunicam claramente e este é o problema maior da minha existência – isso é o que eu penso agora [penso ainda].

Encontrei a minha busca. Encontrarei o que procuro ou me certificarei de que nunca encontrarei nada, mesmo porque não sei ou talvez tenha medo de saber o que procuro.


Descobri a palavra auto-sabotagem...


Talvez eu me encontre quando for capaz de falar de mim, sobre mim, a mim mesma, sem reservas.

Anabe Lopes

Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova




Tem umas coisas interessantes que ficam aí boiando pela internet e, à medida em que se vai navegando, a gente encontra, ou não... São pérola flutuantes, balões de fino gás no céu cibercéu. A gente não sabe ao certo o autor nem se as circunstãncias ocorreram ou foram imaginadas, se imaginadas tem muito mais valor. São preciosidades que encantam meus olhos de saruê. Elas vão e vem, e hoje capturei, pra mim e pra você. Hoje! Que a vida amanheceu sexta-feira de sol... Eis aí, do jeitinho que recebi, uma histórinha interessante e uma texto que é pura poesia...


ABSOLUTAMENTE REAL E FANTÁSTICO

[conta-se que...]


"Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: 'Você tem experiência?' A redação a seguir foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.


-------------------------------------------- REDAÇÃO VENCEDORA :


'Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora.
Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo.
Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta, já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.
Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um 'para sempre' pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.
E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: 'Qual sua experiência?'.
Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência...
Será que ser 'plantador de sorrisos' é uma boa experiência? Não!
Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

'Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?' "