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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Diáfana

Anabe Lopes


Chegam dias de absoluta desersão,
dias de estar no mundo sem no mundo estar.
Tudo é estranheza
e nada, ou quase nada, parece ter sido feito para nós.
Pesa o portão da antiga residência
E a vida se torna um chegar desejando partir.
Partir para onde?
As paredes da alma impregnadas de vazio...
as tardes se arrastam e nos afundam no chão
as noites são só silencio e saudade,
saudade não se sabe exatamente do quê,
embora se tenha vivido muito e intensamente...
...até o direito à saudade nos é negado
Há uma delicadeza frágil que nos compõe
e o corpo torna-se menor
e contornado de uma dormência
que é quase carne quase espírito...
E somos só crianças deitadas no escuro
em posição fetal
vendo nossos monstrinhos desfilarem e rirem de nós...
Desejamos ser tocados, abraçados, acariciados...
noite afora, noite adentro... no soprar das horas,
no frigir dos ventos...
eternidade afora, eternidade adentro...
E sabemos que não somos eternos
e que tudo  - e principalmente os sonhos bons - é muito breve!
E só por serem sonhos os sonhos são bons...
E um sonho é só um sonho
como a flor é só uma flor,
leve suave e breve...
E por si passam moscas e  borboletas...
e houve um dia e outro dia... e outro...
um beija-flor...
... e tantas noites escuras e frias...
e todo movimento é burburinho e silêncio...
Não fosse o brilho das manhãs,
a beleza das trilhas e caminhos
 e a magia do voo das borboletas,
a vida seria insuportável!!

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