Anabe Lopes
Eu mordi o fruto proibido
E voltei à árvore varias vezesSenti seu doce
Seus prazeres
Sou mulher e a mim
De amar e ser um ser perfeito
Eu corro, ando, falo
Quase ninguém me escuta...
Eu passo horas ao espelho
E saio correndo,
Que o tempo é breve
E a vida é curta
Senti a dor e o frenesi
De ser de mundos
Longe daqui
Estudo ciência e religião
Faço a história desta nação
E se lhe faço uma conferência
Não há espaço na sua agenda
Me dás no máximo, tua ciência...
Poucas palavras de complacência
Dirijo carro e caminhão
Olho o meu filho te dou a mãoE sempre me negas tua atenção
Queres de mim
Um corpo ardente
Mente vazia
Pele descrente...
Mordi o fruto proibido
E tu mordeste de enxeridoTolo e covarde, não o fez primeiro,
E me apontas as minhas culpas
Nada tu fazes
Ficas na escuta
E fala grosso
E pisa fundo
Pensa que tem
A chave do mundo
Eu tenho asas
E tu a prendesDurmo cansada
Te surpreendes
Quando desperto toda animada
Destroço amarras
Quebro correntes...
Mas sou igual
A toda gente
Não sou nem crente
Nem descrente
Eu aconteço!
Não planto o bem
Nem colho o mal
Apenas vivo, cresço e apareço!!